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Numa das Conversas "Sharing Knowledge" realizadas na belíssima Biblioteca Palácio Galveias, o Pedro Santa Clara - dinamizador no nosso país de projetos vencedores como a Escola 42 e o TUMO - a propósito do Futuro da Escola destacava que como no passado e no presente a sua essência terá que ser sempre a capacidade de ensinar o verdadeiro conhecimento que interessa. Este é um tema particularmente relevante e que sempre acompanhou ao longo do tempo a evolução da humanidade, nas suas diferentes dimensões. O conhecimento deve ser a expressão mais completa da ambição de queremos ser cada vez melhores e ter um contributo com sentido para a sociedade que queremos que seja também ela própria melhor.
Leonardo da Vinci, em todo o trabalho de criação artística e científica que produziu, foi claramente um dos grandes expoentes na mobilização de uma agenda centrada no conhecimento e focada numa ideia de futuro em que vale a pena acreditar - já no passado essa preocupação de aposta numa ideia de bem comum tinha como eixo central a capacidade de procurar as melhores respostas para as questões que se iam colocando. Essa foi uma dimensão permanente da evolução dos tempos e não deixa de ser curioso que alguns dos mais reputados pensadores da atualidade, como Yurval Noah Harari se refira a nisso de foram muito clara nos seus diferentes livros e textos publicados nos últimos ambos - e com maioria de razão no acabado de sair NEXUS.
Não podemos de forma alguma ter uma ideia conformista em relação ao fluxo de conhecimento que nos chega. O conhecimento é ele próprio um exercício de permanente (re)interpretação das verdades que nunca são definitivas e temos que ter a capacidade de perceber a verdadeira dimensão desta mensagem. Voltando ao nosso exercício de partilha feito de forma diária ao longo destes quatro anos e meio, ele é bem o exemplo desta disciplina que nos colocamos a nós próprios nos nossos processos de avaliação do grau de utilidade comum das ideias e das fontes que pensamos serem as melhores para os outros. Mas este não é - nem pode ser um movimento unipolar. Tem que materializar a sua razão de ser numa verdadeira agenda de articulação percecionada como relevante e que passa assim a dar sentido.
Nestes tempos incertos e complexos que estamos a viver o conhecimento terá que ser cada vez mais a base de construção de valor para a sociedade. Não por decreto, mas de forma aberta, participada e colaborativa. Um verdadeiro exercício de construção do futuro a partir da ambição do presente e da identidade do passado.