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A nova liderança do PSD elegeu alguns temas como bases para um consenso alargado com o PS. Esses temas, que vão da coesão territorial à justiça, passando pelos fundos comunitários, são temas para decisões num futuro mais ou menos longínquo.
Ao invés, a primavera começou esta semana. Apesar das chuvas e da relativa recuperação da situação de seca que nos afligiu, sabemos que o tempo quente vem por aí, durante cada vez mais tempo e cada vez mais quente.
Sabemos também que a tarefa de prevenção dos fogos florestais, que provavelmente serão sempre tão devastadores como os do ano passado, é gigantesca. E também sabemos que não morremos às centenas de uma justiça lenta, de mais ou menos FEDER ou FSE ou de sarampo do centralismo. Mas queimados, sim. Morreram mais de cem portugueses.
Pergunto-me então porque é que não é este o principal, o mais visível, o mais eficiente exercício de consenso político e prático no nosso país.
Tenho muita esperança no contributo do secretário de estado Artur Neves. Acompanhei profissionalmente a sua ação e sei-o conhecedor e determinado. Mas sozinho, não fará tudo. Nem o Governo, nem as câmaras, nem as juntas, nem...
Só quando todos estivermos convencidos desta urgência e desta responsabilidade partilhada nos mobilizaremos e sem essa mobilização estaremos sempre passivamente à espera que façam por nós e, pior, prontos a criticar qualquer esforço. É, aliás, ao que já assisto.
Assim, precisamos de ver no terreno Governo e Oposição a acompanhar e a dar ideias se alguma coisa não estiver a correr bem.
Precisamos que se lance uma campanha de cobertura, porque não estruturada por uma comissão independente, que nos mostre o que está a ser feito e quais as dificuldades encontradas.
Precisamos de ter conhecimento de todas as iniciativas da sociedade civil que se organizam. Ainda que deficientemente explorada a mobilização de milhares de pessoas pelo pinhal de Leiria pareceu-me um bom exemplo capaz de nos entusiasmar.
Precisamos de mobilizar nacionalmente ações de voluntariado.
Evitar os incêndios e evitar mais mortes é uma guerra. E eu quero alistar-me.
Eu e tantos que não se resignam.
Precisamos de ver no terreno Governo e Oposição a acompanhar e a dar ideias se alguma coisa não estiver a correr bem
* ANALISTA FINANCEIRA