Portugal é muito dado a estas conspirações de baixa qualidade, o que é bastante deprimente para um país que se quer moderno. Com o desenvolvimento, deviam ter chegado também as grandes intrigas palacianas e os superlativos golpes de corredor, os inquéritos a operações secretas que prejudicaram o superior interesse da nação.
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Na América, há agentes da CIA na Casa Branca que denunciam delitos extremamente difíceis de provar, encontros entre elementos de campanhas e russos em hotéis de luxo que geram intrincadas investigações, ou telefonemas do presidente a pedir a um chefe de Estado estrangeiro para investigar um rival político, que dão origem a processos de "impeachment". Tudo infrações de grande magnitude, situados no topo dos atos repreensíveis executados pelas cúpulas do poder político.
Em Portugal, estamos ao nível das caixas de robalos ou malas de dinheiro. O caso de Tancos, por exemplo, até dá vontade de rir: GNR a irem para locais secretos com o telemóvel ligado no bolso, um diretor da Polícia Judiciária Militar apanhado em escutas a dizer coisas comprometedoras, um ministro que mandou uma SMS a dizer que sabia. Há filmes infantis bem menos palermas.
* Jornalista