"Ainda não será um Natal normal". A frase é do primeiro-ministro, já no final da intervenção em que anunciou uma série de medidas restritivas para o período das festas que se avizinha.
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Mas, se é factual que o Governo carregou a fundo no travão, deixou folga suficiente para manter o país quase em pleno funcionamento. Porque, apesar da ameaça da nova variante, que a ciência ainda não conhece a fundo, Portugal está numa situação diferente da que estava há um ano. A adesão ao processo de vacinação foi massiva. Como está a ser massiva a adesão à dose de reforço. É verdade que já percebemos que as vacinas não nos livram de uma infeção, mas sabemos que continuam a ser eficazes a evitar as formas mais graves da doença.
No entanto, se não há razões para entrar em pânico, há razões para ser prudente. E foi isso, afinal, o que fez o Governo. Uns gostariam que tivesse sido um pouco mais rápido. Outros que tivesse sido um pouco menos restritivo. Mas os argumentos são pouco mais do que retóricos. Teremos, ao longo das próximas duas semanas, alguns constrangimentos, mas praticamente nada nos fica vedado. E, sobretudo, nada de fundamental. O Governo agiu com conta, peso e medida. Como se espera que faça.
Isso não significa que esta nova contenção não tenha consequências. Terá, desde logo, para bares e discotecas, obrigados a fechar. Como terá para os restaurantes, hotéis, teatros ou cinemas. Sempre que se coloca um obstáculo adicional no acesso, mesmo quando não se proíbe, está-se a limitar essa atividade. E a comprometer a sua viabilidade. Como terá consequências para as famílias, que terão de se reorganizar, devido ao fecho de creches e ATL. E para as empresas onde trabalham essas mães e pais. Exige-se, por isso, que o Governo seja rápido no apoio a todos os que agora serão prejudicados. É aqui que se exige atenção cívica e intervenção política. A pandemia afeta todos, não podem ser só alguns a pagar a fatura.
*Diretor-Adjunto