Depois de Beirute, Paris. Depois de Paris, Bamako, no Mali. Depois de Bamako, treme Bruxelas com a hipótese do terror às mãos daqueles que nos ameaçam porque odeiam a liberdade e o nosso modo de vida.
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Sobre os ataques de que foi alvo, imputáveis ao Daesh, falou a França em "ato de guerra", e mais declarou que estava em guerra contra um exército terrorista e jiadista. As ações brutais de 13 de novembro? Uma ação internacional, planeada na Síria, organizada na Bélgica, executada em França, com cumplicidades "internas".
Aqueles que sonham em recuperar a tese Bushiana (e simplória) da guerra contra o terrorismo, acalmem, se fazem o favor, porque esta será sempre uma "guerra" diferente. Realmente, ao contrário da al-Qaeda, o Daesh, é certo que também uma organização terrorista de tipo transnacional, tem uma característica diferente: combate no terreno, controla território, é parte objetiva num conflito internacional. É uma realidade que, na Síria e no Iraque, podemos qualificar como sendo de insurgência.
As palavras carreiam sempre um sentido. E, quando falamos de Direito, o sentido é sempre mais carregado, como aliás não podia ignorar o presidente francês nas suas recentes intervenções públicas. Assim, ao falar de guerra, está necessariamente a reconhecer o Daesh como beligerante e, além disso, a dizer-nos, de forma implícita, que também a guerra e os "combatentes" (ou os "traidores") se situam no interior do território francês. Daí, claro, a invocação de uma lei de 1955 para decretar o estado de emergência, agora prolongado durante três meses. Mas, se assim é, as Forças Armadas ganham um protagonismo na ação interna que antes, como é natural, não podiam ter. Ora, se há guerra, quando se dará por "terminada"? E é ler o documento elaborado pelo Ministro do Interior francês, Cazeneuve, para comprovar como a situação é excecional, até de uma perspetiva de direitos humanos e sua restrição.
Anteontem, sob proposta francesa, o Conselho de Segurança aprovou a resolução 2249. Ali autoriza o recurso a todos os meios necessários (isto é, à força militar) contra o Daesh nos territórios que este controle na Síria e no Iraque, contra a al-Qaeda e quaisquer organizações nela filiadas e contra a Frente Al-Nusra.
Estamos mesmo em guerra, e esta é especial. Mas, não o sabíamos já?