Desta vez, Sócrates demorou tempo demais a reagir. Fê-lo quase oito dias depois do "Sol" ter resistido ao acto de censura de um dos "boys" do PS na PT, publicando transcrições demasiado envolventes para o primeiro-ministro.
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A coisa estava a "ficar preta", era notória a desorientação nas hostes socialistas. Enquanto nos corredores a indignação socialista era cada vez mais audível, Sócrates remetia-se a um pouco habitual mas significativo silêncio, logo após a divulgação do "Polvo"…
Mas, como a melhor defesa é o ataque, Sócrates e o seu núcleo duro (cada vez mais núcleo, cada vez menos duro…), lá tocaram a reunir para lançar o contra-ataque. Reuniram os órgãos do PS que, ficou a saber-se, não se encontravam há meses, montaram um circo mediático que continua a decorrer e a percorrer o país, e vai prosseguir nos próximos tempos …
Entretanto, para dar "um ar de Estado" e conferir credibilidade ao acto, Sócrates falou ao país. Foi uma espécie de conversa em família, só não estava sentado, ficou em pé, atrás dos microfones, bem de frente para o teleponto. Estas conversas à hora do telejornal estão a entrar na rotina do Governo: há duas semanas, o ministro das Finanças, agora o primeiro-ministro.
Apesar de muitas diferenças, há uma importante semelhança entre a aparição de Sócrates e as célebres conversas em família: nenhuma trouxe algo de novo que o país já não soubesse, tudo o que o país queria e tinha direito a saber não se ouviu, nem no passado marcelista, nem pela voz de Sócrates, na passada sexta-feira.
Mas será que não existe uma outra importante semelhança? É que, na altura, aquelas conversas foram a antecâmara da queda de um regime, agora podem muito bem ser o prelúdio do fim de um governo cada vez mais isolado do país.
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