À hora a que escrevo este texto, ainda não conheço o desfecho da novela "Galamba e o sangue oculto", que tinha prometido novo e vibrante episódio para o dia de ontem.
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Não sei por isso se vamos ter novo ministro das Infraestruturas, como muitos pedem e acreditam, ou até uma remodelação governamental mais alargada, como igualmente muitos defendem ou apostam.
A única coisa que tenho quase a certeza que não vai acontecer antes destas linhas poderem ser lidas é nova dissolução do Parlamento, com o presidente da República a ter, nesse caso, de convocar eleições legislativas antecipadas.
Embora, nos dias que correm, também na política o que é verdade hoje possa não ser verdade amanhã, esta minha convicção tem a ver com a inexistência de grandes mudanças em relação às razões que o prof. Marcelo enunciou para justificar não estar a pensar em usar já a "bomba atómica", apesar dos insistentes pedidos que tem recebido.
Tendo em atenção esses vários argumentos presidenciais, gostava de me concentrar naquele em que o presidente diz que não lhe parece que exista já uma alternativa ao Governo, em que pudesse fundamentar a iminência de novas eleições.
Este argumento tem vindo a ser muito discutido, especialmente pelo PSD, que por um lado já fez saber que está pronto para eleições e para governar e por outro que nunca faria um Governo com o Chega ou dependente do seu apoio parlamentar.
Sem ter nada a opor contra estas duas tomadas de posição, gostaria que o PSD também fosse claro na rejeição daquela alternativa de que ninguém tem falado, pelo menos desde que Rui Rio deixou a liderança do partido.
Esta alternativa que é recorrente nos resultados eleitorais das últimas décadas tem um nome que até me assusto só de o recordar: bloco central. Como o passado, as sondagens e a matemática facilmente deixam perceber, não há outra receita mais segura de putativa estabilidade do que ela.
O problema é que se alguém vier lembrar essa virtual alternativa como hipótese a um Governo de maioria, sem o Chega e sem repetir a geringonça de esquerda, eu só consigo apelar a um verso do nosso hino nacional, completamente alterado em face das circunstâncias. Contra o bloco central, não dissolver, não dissolver!
Empresário