Um homem e uma mulher. Em comum um passado marcado pela prisão e pela tortura. Que crimes cometeram? Lutaram contra a Censura, contra a Guerra Colonial. Hoje, 48 anos depois do fim da ditadura, Maria José Ribeiro e José Pedro Soares continuam a lutar. Agora, contra o esquecimento: para que a memória nunca se apague, porque nada está garantido.
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No dia em que se comemoram 48 anos sobre o 25 de Abril, o JN traz o testemunho de dois antigos presos políticos, uma situação que a maioria dos portugueses não viveu, e, para os que já nasceram em democracia, é algo longínquo. No entanto, como explica Pacheco Pereira, também nas páginas do JN, a democracia nunca está adquirida. Sobretudo quando o poder é alcançado graças a estratégias de comunicação, mascaradas de vontade popular, sem qualquer tipo de mediação - o elemento, lembra o historiador, que diferencia a demagogia da democracia.
O resultado das eleições em França é a evidência de que nada está garantido. Ontem, Marine Le Pen disputou a segunda volta das eleições à presidência francesa. Não é desta vez ainda que a extrema-direita toma o poder na França do Estado social. No entanto, é imperativo perguntar: o que leva tantos milhões de cidadãos a depositar o seu futuro nas mãos de Le Pen? A candidata da extrema-direita viu a sua implantação reforçada em relação às eleições de 2017.
Macron, neste seu segundo mandato, deverá dar uma resposta aos franceses e também aos europeus. É tempo, enfim, de mostrar na prática que a política deve servir os cidadãos e não interesses alheios ao bem-estar dos povos. De outra forma, Le Pen, ou alguém por ela, na França como no resto da Europa, falará ao coração dos eleitores. E isto leva-nos ao começo deste texto. Para que a memória não se apague, é preciso combater o esquecimento: só assim a história não se repete.
*Editora-executiva-adjunta