O Papa Francisco, na conferência de imprensa no avião de regresso do Canadá, foi questionado se a Igreja devia rever a sua posição quando à contraceção. Foi confrontado com a posição de muitos católicos e teólogos que defendem a abertura à utilização dos meios contracetivos pela doutrina da Igreja.
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O Papa aproveitou a pergunta para clarificar o papel dos teólogos e do magistério, o ensino oficial da Igreja, no desenvolvimento da doutrina. "O dever dos teólogos é pesquisar, fazer uma reflexão teológica", ou seja, contribuir para a melhor compreensão e evolução do pensamento da Igreja. "O magistério deve ajudar a compreender os limites", sem coartar a investigação teológica. O Papa lembrou S. Vicente de Lérins, o qual, no século X, dizia que "a verdadeira doutrina, para avançar e se desenvolver, não deve ficar calada, mas progredir: deve ser consolidada com o passar do tempo, ampliada, concretizada e solidificada, mas sempre em contínuo progresso".
O Papa pensa que "uma Igreja que não desenvolve em sentido eclesial o seu pensamento, é uma Igreja que retrocede". Aqueles que se agarram ao passado e a uma incorreta conceção da tradição acabam por impedir que a Igreja avance, apenas "porque sempre se fez assim". Isto "é um pecado porque não caminham com a Igreja", adverte o Papa. "A tradição é a fé viva dos mortos; enquanto esses "retrógrados", que se dizem tradicionalistas, afirmam que a tradição é a fé morta dos vivos!".
O que está estabelecido, ou seja, a tradição não pode ser usada para travar a evolução, mas deve ser, como disse o Papa Francisco, "a raiz, a inspiração para progredir na Igreja, sempre de modo vertical".
Desta forma o Papa deu abertura para que, no respeito por uma tradição corretamente entendida, se repense a doutrina da contraceção, em ordem a repropô-la para os dias de hoje.
*Padre