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Com o medo de perder o controlo e de que algo aconteça, somos nós, os pais, que estamos a atirar os nossos filhos para as garras dos ecrãs, onde as crianças encontram uma liberdade que não conseguem ter no mundo real. É isto que nos dizem investigadores, num artigo da revista Atlantic, numa perspetiva diferente da habitual sobre o vício dos ecrãs e das redes sociais ou jogos online. Segundo Lenore Skenazy, Zach Rausch e Jonathan Haidt, são as próprias crianças a dizer, num inquérito realizado nos EUA, que procuram na tecnologia a liberdade sem supervisão que não conseguem ter no mundo real, onde muitos jovens até aos 12 anos nem sequer são autorizados a ir até ao supermercado sozinhos. E, por isso, estão a surgir novos movimentos que defendem que devemos deixar que as crianças brinquem e interajam de forma livre, desestruturada e sem os pais sempre a pairar, para que aprendam sozinhas a resolver problemas, conflitos e a lidar com o aborrecimento, para dar asas à imaginação. Será um passo difícil, mas será que conseguimos trocar a falsa sensação de segurança de ter as crianças à vista, mas a navegar sabe-se por onde, por brincadeiras ao ar livre, em que se podem magoar fisicamente? Só temos de nos lembrar: curar uma ferida será mais fácil do que reverter danos psicológicos permanentes de uma adição digital.