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A campanha eleitoral para as legislativas de 2025, que começou há mais de um mês, tem sido pontuada por inúmeros acontecimentos inesperados. Por exemplo, a morte do Papa ou o apagão, mesmo nada tendo a ver com o que está em jogo, podem ser decisivos para os resultados, se funcionarem como reveladores de capacidades de decisão ou de reação por parte dos candidatos. Em período de campanha eleitoral, tudo conta, também a sorte e o azar.
À hora a que escrevo, ainda antes de terminarem os debates entre os líderes partidários, segundo as sondagens, AD, PS e Chega parecem ter fixado o seu eleitorado de base, não se registando alterações significativas no peso relativo destas forças políticas. Porém, continua a existir uma percentagem superior a 15% de indecisos, isto é, um número muito elevado de eleitores disponíveis para serem convencidos. Não sabemos quem são, mas será com o seu voto que o resultado das eleições se decidirá.
Há dois cenários possíveis: um resultado semelhante ao de há um ano, se os indecisos se distribuírem de forma proporcional pelos partidos em campanha; ou uma vitória mais explícita da AD ou do PS, se os indecisos concentrarem as suas escolhas num dos partidos que lideram a corrida. Quero com isto dizer duas coisas. Em primeiro lugar, que as campanhas eleitorais e os debates entre os líderes partidários contam para o resultado da votação. Em segundo lugar, que para ganhar estas eleições, o mais importante, neste momento, é convencer os indecisos.
No setor que conheço melhor – a Ciência e o Ensino Superior –, penso que os indecisos gostariam de ser convencidos com argumentação acerca das condições para garantir a estabilidade no financiamento público das instituições, para o cumprimento da meta de investimento em I&D de 3% do PIB, para o desenvolvimento das carreiras de docência e de investigação e para o alargamento da ação social de apoio aos estudantes.
As instituições de Ciência e de Ensino Superior funcionam, em regra, bem. Não são um problema, mas há muitas coisas a melhorar. O investimento público e privado, nacional e europeu, têm garantido, ao longo dos anos, resultados positivos. Do ponto de vista político, são necessários sinais claros de confiança, de garantia de condições de autonomia, previsibilidade e estabilidade para que funcionam melhor e ganhem capacidade para responderem aos desafios e exigências da sociedade, da economia, da produção de conhecimento e da qualificação da população jovem e adulta. Têm a palavra os partidos.