Corpo do artigo
O movimento cooperativo teve como grande patrono António Sérgio e, na habitação, teve no Norte, em especial Matosinhos, grande impulso pós 25 Abril. Vem, a propósito, os 50 anos que a “Sete Bicas” comemora a 12 de abril, iniciando uma dinâmica de construção habitacional geradora de “classe média” ainda hoje marcante do tecido social desta cidade. O movimento cooperativo habitacional teve em Matosinhos o contributo autárquico sobretudo dos presidentes Mário Maia e Narciso Miranda e, no Governo da altura, do ministro Eduardo Pereira. Defensor e estudioso do cooperativismo em que sempre nos empenhamos, na altura a Fundação Antero de Quental, ligada ao PS, ajudou a divulgação teórica e logística do movimento. E câmaras que tinham solos disponíveis cederam-nos a CHES, conjugando poupança financeira com iniciativa promocional e confiança da banca, desenvolveram tecido habitacional urbano ainda hoje exemplar. Aconteceu também aqui no Porto.
Infelizmente o PS de Costa esqueceu isto e a crise de habitação pública hoje existente deve-se muito a este desconhecimento da matéria, que deveria ser recordada com o aniversário das “Sete Bicas” e o esforço e determinação dos seus fundadores. O grande drama da falta de habitação pública deriva daqui, de décadas de paralisia promocional do Estado, diretamente ou por falta de apoio à promoção cooperativa e não será com “leis dos solos” que se vai lá, pois a questão é política de apoios a quem pode executar, diretamente ou apoiado.