Chegamos a uma altura do ano e a uma fase do plano de vacinação em que quase todos já sentem que agora, sim, vai ficar tudo bem. Quase todos...
Corpo do artigo
Nesta nova fase do plano de desconfinamento, a pergunta impõe-se e é legítima. Se o setor da restauração pode estar aberto até à 1 hora, se os estádios de futebol voltam a poder ter público nas bancadas, embora limitados a 33% da ocupação, e se os espetáculos poderão ter horário alargado até à meia-noite, dentro de sala com lotação de 50% e no exterior com lugares marcados, porque é que os bares e discotecas vão continuar fechados, até final de agosto?
Até entendemos que não seja possível que os espaços de diversão noturna retomem a atividade da forma como a conhecíamos. Porém, não se percebe porque é que o Governo não tenta encontrar uma solução equilibrada e um compromisso com os empresários do ramo. O primeiro-ministro diz não haver condições. Já a Associação Nacional de Discotecas (AND) considera que a decisão do Governo é uma desconsideração.
As propostas apresentadas pela AND são relativamente simples: reabrir bares e espaços ao ar livre nas mesmas condições exigidas aos restaurantes. "Não podemos estar a pensar em discotecas abertas no seu esplendor, até às 6 horas, ou com pistas de dança a funcionar, mas podemos pensar em discotecas com lugares sentados, música e serviço de bebidas", defende ainda a associação.
Tendo em conta que o público-alvo destes estabelecimentos será vacinado apenas em julho e agosto, o mais certo é não haver grande margem para negociação. O Governo decidiu não arriscar.
Estes espaços poderiam abrir com um perfil de café? Podiam. Os clientes iriam estar apenas sentados a ouvir música e a beber uma cerveja? Talvez não. Os proprietários teriam de ser os primeiros a manter as regras dentro das suas portas. Quem teve a coragem de avançar e recuar nas diversas etapas de desconfinamento teria de dar uma oportunidade ao setor, para mostrar que é capaz de se reinventar e de abrir portas com segurança. Estes empresários são tão responsáveis como os outros.
Diretor-adjunto