O país deve ou não dispor de Forças Armadas profissionais? Faz sentido manter-se o esforço financeiro associado ao contributo nacional em forças internacionais de defesa de intermediação ou outras?
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A existência de submarinos e aviação militar sofisticada é uma opção a assumir, não obstante os custos associados às operações e manutenção dos equipamentos?
É curial o Serviço Nacional de Saúde manter-se nos moldes atuais, tendencialmente gratuito, ou o peso da respetiva fatura deve implicar pagamentos proporcionais, consoante o rendimento de cada um?
Os compromissos assumidos no âmbito de parcerias público-privadas, do setor da Saúde às rodoviárias, devem permanecer inalterados ou, custe o que custar, mais vale assumir roturas?
Obrigatório, o Ensino público é intocável e justifica permanecer gratuito, sem direito das famílias à livre escolha dentro do próprio sistema público ou fora dele? E o Ensino universitário deve ou não adotar novas regras de pagamento de propinas consoante os rendimentos das famílias?
A igualização para ricos e pobres do atual regime de descontos e benefícios da Segurança Social é intocável, ou é preferível um esquema de plafonamento através do qual a partir de um determinado valor de rendimentos seja opcional o esquema de descontos?
A ADSE deve conviver e manter disparidade de regalias com o regime geral ou, pelo contrário, haverá lógica na unificação de procedimentos e benefícios?
É razoável o sistema de comando difuso atual das forças de segurança ou justifica-se a unificação sob um único chapéu de liderança?
O Estado deve manter a posse de uma estação de televisão, obrigando os cidadãos a sustentá-la? Qual o limite para indemnizações compensatórias e privatizações?
Impõe-se a continuidade do mapa da organização do Estado tal como se conhece ou é mais operacional um esquema que contemple a Regionalização, nova e mais reduzida cartografia autárquica com redução nas vereações, nova lei eleitoral que acabe com o fechamento aos partidos e reduza o número de parlamentares, substituição do Tribunal Constitucional por uma secção do Supremo, fim da Comissão Nacional de Eleições, extinção de centenas de institutos públicos, etc., etc.?
O cardápio não tem fim.
O debate aprofundado de todas estas e muitas outras alíneas implica, necessariamente, a frieza contabilística da despesa atual, a projeção previsível consoante os cenários de alterações - incluindo as sequelas de cariz social - e, por fim, decisões estruturadas. Sem demagogias.
Uma tal empreitada corresponderia a uma reforma do Estado, demasiadas vezes prometida mas sempre adiada, por conivência de demasiados interesses confessionais, corporativos e partidários.
Infelizmente, o país vive numa algazarra irresponsável na tentativa de cumprir orçamentos impossíveis de satisfazer, tamanhas são as clientelas.
Não nos iludamos. O que hoje se debate em Portugal não é uma reforma do Estado. São cortes cegos determinados por um estado de necessidade de uma sociedade faminta.