O Mundo mudou mais nos últimos seis meses do que nos seis anos anteriores, devido a uma pandemia que transformou em realidade quadros que só víamos em filmes apocalípticos. Também as opiniões dos políticos mudam.
Corpo do artigo
É habitual, sobretudo quando depois das campanhas eleitorais chegam ao poder. Mas o caso não é bem esse. No início de março, questionado sobre se mantinha a confiança em Graça Freitas, a diretora-geral da Saúde que desaconselhou o uso de máscara, António Costa respondeu que "não se mudam generais em tempo de guerra".
O posto de Jamila Madeira na hierarquia militar metaforizada pelo chefe de Governo é desconhecido, mas ficámos a saber ontem que deixou o Ministério da Saúde por exigência de Marta Temido, subindo António Lacerda Sales a adjunto da ministra.
A remodelação, projetada pela saída de José Apolinário para se candidatar à CCDR do Algarve, abrange mais três ministérios: Infraestruturas e Habitação, Educação e Mar. Mas é na Saúde que se concentram as atenções dos portugueses, primeiro-ministro incluído, que promove alguém que também é visto como um bom comunicador. Numa altura em que está cercado por não querer comunicar por que razão emprestou o nome à recandidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica, não deixa de ser irónico. E cirúrgico. Os novos secretários de Estado tomarão posse já hoje, às 17 horas, numa cerimónia que marcará sempre a atualidade, atirando para um plano secundário o encontro com o presidente da República, onde António Costa será questionado sobre a jogada arriscada de ter assumido a preferência nas eleições de um clube de futebol. Depois deste autogolo, a remodelação também pode ser encarada como um alívio para a bancada e, já agora, para Pedro Nuno Santos, que reforça a equipa com dois secretários de Estado da sua confiança pessoal.
*Editor-executivo