Em 2018, segundo dados publicados pela Pordata, a média de pessoas que trabalham por empresa na agricultura, indústria, comércio ou noutros serviços é de 3,8 indivíduos. Ponto.
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E não são as grandes empresas que deturpam este número. Segundo a mesma fonte, em 2018 existiam 1 259 299 empresas em Portugal. Destas, apenas 1262 são consideradas grandes empresas. Ponto final!
Só com base nesta informação genérica, e mal de nós se os nossos governantes só desta dispusessem, seria possível compreender que :
1. Se o dinheiro (não as leis) não chegar quase instantaneamente às empresas estas deixam de poder pagar salários;
2. Se, em vez disso e mesmo que depressa, chegar a possibilidade de um reembolso parcial daqui a um mês ou lá o que é, de nada serve porque não pode ser reembolsado quem não tem para pagar...;
3. Por fim, empresas unipessoais de marido e mulher, a gerir alojamentos locais, gabinetes de contabilidade, cabeleireiros, cafés, pequenos restaurantes etc., etc., não são capazes de avançar com dossiês de instrução de pedidos de crédito ou de pagar as vergonhosas comissões de gestão que os bancos estão a pedir para o fazer; muito menos podem esperar pelos timings da Norgarante da sua região para análise e decisão sobre o dossiê ; muito menos têm as certificações PME e toda a restante burocracia associada.
Podia continuar...
E, no entanto, temos só aqui na Região Norte um envelope financeiro ainda muito considerável de fundos estruturais por consumir. Transformá-lo numa reserva de apoio imediato à tesouraria das micro e pequenas empresas seria, do meu ponto de vista, uma hipótese obrigatória a considerar.
Há de estar em curso muita negociação bem-intencionada sobre o assunto, mas ainda assim espartilhada pelo jargão do costume: as tipologias, as elegibilidades, os objetivos específicos etc. e tal.
É pena que tão invisível como o vírus seja a criatividade e a ousadia de quem tem tão poderosos instrumentos entre mãos e tão teimosamente se deixa amarrar!
*Analista financeira