Assim ficou conhecida a revolução que, há 50 anos, mudou Portugal. Assisti agora, na RTP3 e a propósito da data, a uma conversa entre Vasco Lourenço e Otelo Saraiva de Carvalho, já antiga mas sobre o tema, pois só Vasco Lourenço ainda está presente.
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Meio século passado, concordando com eles, diria que valeu a pena todas as peripécias, pois somos hoje um país diferente, na política e na sociedade, nos direitos e deveres de cidadania e nas oportunidades cívicas e socioculturais. Somos reconhecidos como uma “Democracia europeia estável” e um Povo que “deu mundos ao mundo” e se orgulha de continuar a contribuir para a paz e prosperidade mundiais.
O momento histórico não é brilhante e a Europa a que pertencemos enfrenta desafios novos e difíceis, quando internamente temos uma situação em transição política de resultado incerto mas não animadora. O futuro democrático que Abril nos trouxe não está em risco mas exige atenção e empenho de cidadania e um particular esforço de todos, sobretudo dos partidos suporte da base social, classe média e produtiva da Nação. Ninguém dá nada de borla e aquilo que esperamos de apoio dos parceiros europeus terá correspondência de compromissos, seja, trabalho e empenho na produção económica e social, aproveitando o melhor dos nossos melhores, no sentido de termos “contas certas” no verdadeiro significado da palavra.
As Europeias são o próximo passo mas não esclarecedoras do caminho futuro, este exige cabeça fria e empenho coletivo, olhar o trabalho futuro não como “central de emprego” mas campo de interesse comum. É isso que nos recorda a memória, presente dos Cravos de Abril que queremos manter.
* Arquiteto e professor