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As comemorações do 25 Abril foram marcadas por um "aditamento" parlamentar, de receção ao presidente brasileiro, Lula da Silva, com os previstos protestos fora e dentro do Parlamento e, de seguida, a sessão normal do dia. De resto, por aqui, nada de novo a não ser o discurso do PS a funcionar como "seguro de vida" do Chega.
Na rua, o mais importante foi a habitual descida da Avenida, heterogénea mas nos conformes com o esperado. Quer isto dizer que está tudo bem? Não! As coisas, atuais e futuras, não estão nada bem. O Governo, com os atores que tem em palco, não inspira confiança, a Oposição alternativa parece "um caracol anestesiado" e nada oferece, o presidente "nem ata nem desata" e parece navegar a mesma tontaria que assusta e não resolve.
Em resumo, foi um 25 Abril preocupante e triste, quase a fazer 50 anos e com os principais protagonistas vivos envelhecidos e a geração dirigente acomodada na defesa de interesses pessoais e de grupo, num descrédito cívico que nada augura de bom. Comemorar Passado com Futuro foi aquilo que não ocorreu, nos atos e palavras, ataques mútuos, mesmo "sem faca e alguidar", mas deixando uma nuvem de preocupação que a lucidez de pensamento não pode ignorar.
Quer dizer que somos incapazes de "dar a volta" à situação? Penso que não, temos Juventude capaz, porventura alheia aos "aparelhos partidários" mas técnica, cultural e humanamente apetrechada, simplesmente há que fazer-lhe uma chamada à participação na vida pública, nas causas políticas e cívicas do coletivo, para além dos empenhos que mostra na defesa de valores sociais e ambientais imprescindíveis à Humanidade. Portugal precisa de um "solavanco de consciência", os políticos partidários não parecem capazes (ou interessados?) em provocá-lo com seriedade, será a Juventude capaz de o fazer? Acreditar no Futuro passa por aqui.
* Arquiteto e professor