Corpo do artigo
Tonucci, Neto, entre outros cientistas, dedicaram a vida a estudar os comportamentos das crianças e verificaram que todas as que brincaram ao ar livre na infância tiveram grande sucesso no futuro. Paradoxalmente, alegam que as crianças de hoje não brincam, não correm, não rebolam pela terra, não se sujam no chão das ruas, nem trepam às arvores.
Defendem que brincar no espaço público em criança, significa aumentar a capacidade motora, a autonomia, a autoestima e a sociabilização, características essenciais para a formação de adultos ativos, preparados, capazes de resolverem problemas mais complexos e heterogéneos.
O sedentarismo, a obesidade e o stress são doenças do nosso tempo que vão afetar a saúde pública do futuro. Este é um drama com que já nos confrontamos.
Assim, precisa-se de políticas públicas determinadas para o redesenho das cidades, tornando-as mais funcionais, confortáveis e seguras. Terem passeios maiores, passadeiras, iluminação e jardins será essencial para as crianças voltarem a caminhar e brincar na rua.
As escolas, através dos seus professores, têm aqui um papel absolutamente essencial nestas futuras gerações. Que a aprendizagem na formação humana e cívica reforce a literacia associada à vida saudável e amiga do planeta, fazendo parte do portfólio escolar.
Mas não chega! Precisamos que os pais não tenham medo da cidade e deixem as crianças apropriarem-se da rua, criando as suas próprias brincadeiras.
Recordo, que hoje, os reclusos têm duas horas por dia ao ar livre, enquanto as nossas crianças têm, em média, apenas uma hora!
Concluo, assim, que os prisioneiros da cidade são as crianças que estamos a criar!