Embora imprevista, a crise também nos atingiu de repente. Crise política de consequências imprevisíveis, com a demissão do PM, líder de um Governo de maioria absoluta, embora com alguns ministros de credibilidade duvidosa.
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António Costa, político sério e competente, teimou em não ler “os sinais” que todo o País via, estava rodeado de alguma gente sem estaleca para o cargo e pouco séria na condução dos interesses públicos. O PR tinha dado um aviso mas os ouvidos do PM pareciam surdos e o “fogo” entrou-lhe mesmo em casa, sem que tivesse acendido um fósforo.
Já nos chegava a fragilidade da Europa, apanhada de “calças na mão” no que a comprometia de fora, Ucrânia e Israel, complicações para as quais não tem solução clara e só nos veio prejudicar nesta afastada periferia territorial. Cai-nos agora esta dificuldade interna, que atinge o PS diretamente e as fragilidades do seu “aparelho”, mas, e sobretudo, o País social e económico, com alternativas pouco claras, na Oposição e no próprio PS.
Há uma clara ascendência de Direita europeia e a nossa crise socioeconómica e institucional não apresenta Esquerda capaz de lhe dar resposta consistente, nem o PS, se quiser continuar a governar indo ao fundo das questões, pode reatar outra “geringonça”, pois os tempos são outros e os problemas essenciais mais agravados pelo tempo e disponibilidades económicas e sociais.
O PR tem a “batuta” da música que se vai tocar mas duvida também da “maestria da orquestra”, o que só complica, pois qual seja a sinfonia que se segue, terá sempre ouvidos desafinados que a rejeitarão e farão alarido no arraial. O próximo grande desafio é esse, evitar que “a rua” seja ocupada por quem tem problemas graves a resolver e não sinta o Poder capaz de lhe dar resposta, pois disso depende o nosso Futuro.
* Arquiteto e professor