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Tudo na vida, das relações pessoais à carreira, tem um início e um fim. É algo que aprendemos com as vivências, lições e experiências acumuladas nesta efémera, e discreta para a imensa maioria, passagem pelo Mundo. Sabemos que há aqueles, como escreveu Luís de Camões, que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando. Mas até para tais heróis, das Artes ao Desporto, da Ciência à Política, que por mérito próprio conquistaram um lugar na eternidade, tudo tem um fim.
Muitos dos nossos ídolos atuais são futebolistas, ou não fosse o desporto-rei o ópio do povo. Constroem carreiras fantásticas, alimentam os nossos sonhos e, às vezes, tornam-nos em realidade. Em Portugal, há dois craques - Cristiano Ronaldo e Pepe - que entraram há muito para o nosso panteão da bola e ganharam um lugar no coração de quem gosta de futebol pelos quatro cantos do Mundo. Mas, lembro, tudo na vida tem um fim. E saber sair de cena de forma graciosa, por se colocar o ponto final na carreira ou simplesmente por renunciar à seleção, deve ser visto sempre como um ato de coragem, nunca de cobardia. E muitos ainda se tornam mais adorados quando, de forma racional e altruísta, põem de lado os egos e entendem que é chegado o momento de parar, de permitir que outros candidatos a heróis possam ter a oportunidade de despontar.
Pepe deixou a indicação de que chegou ao fim a passagem pela seleção, que aos 41 anos terá defendido a camisola das quinas pela última vez no Europeu, onde foi talvez o melhor jogador de Portugal. Cristiano Ronaldo, dizem, ainda está a ponderar o futuro na seleção aos 39 anos, depois de ter feito um Europeu muito desapontante. Cada cabeça sua sentença, mas sou daqueles que considera uma grande virtude sair pelo próprio pé na altura certa. Pelo que fizeram com a camisola de Portugal ao peito, só tenho uma coisa a dizer-lhes: Cristiano Ronaldo e Pepe, muito obrigado!