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Já é público que o JN vai mudar de casa, assim como as razões. Embora não tenha grande importância, penso ser o cronista que escreve neste jornal há mais tempo, desde 1977/78. Entrei nele por recomendação de António Soares, que me entrevistou na altura sobre o desempenho como “Comissário do Governo” na Área Ribeira-Barredo (CRUARB) e, com pequenos intervalos de desempenho público, estou por aqui até hoje.
Já quis deixar mas, primeiro Francisco Martins Mendes e, depois, Domingos Andrade, não aceitaram, daí esta “crónica de saudade” e preocupação, na consciência de que as cidades mudam e as instituições não lhes podem ficar atrás, devem contribuir para essa mudança.
Jornalisticamente, o JN é uma Bandeira, do Porto e do Norte, foram-se o "Comércio" e o "Janeiro" e ficou este antigo e velho património, ainda lido nos cafés e transportes públicos, embora hoje o virtual lhe leve dianteira.
Muda de casa agora mas Márcio de Freitas o arquitecto, e Charters de Almeida, o escultor, que criaram a sua imagem urbana, espero que não sejam esquecidos e quem vier para transformar “a peça” os respeite.
Renovar cidade passa por reabilitar e a transformação funcional não implica destruição, antes respeito pela memória, forte e centenária. Nestas crónicas tratarei com saudade amigos que fizeram a “casa”, alguns que por aí andam ainda e de que destaco Germano Silva, que ainda vi há dias na sua Constituição, certamente a caminho da Académica do Canavez, onde pesquisa o “alfobre” das pequenas mas importantes “Histórias” desta cidade.
Outros, como Manuel Ramos, que conheci como chefe de Redacção, ou Manuel António Pina, que me honrou com textos em dois livros e me inspirou como personagem noutros dois, gente que vivia o jornal com “inteligência e coração” e não posso esquecer nesta “mudança de banca”.
Voltarei com outros, que a saudade é “memória e poema” e o jornalismo não lhe fica atrás.