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Quando for grande, não quero ser presidente dos EUA; contento-me em ser presidente da TAP. Não quero ser chanceler da Alemanha; chega-me a presidência da CGD. Não quero o Eliseu; basta-me o BPN. E porquê? Porque rende muito mais ser gestor no Sector Empresarial do Estado português do que estar no topo político das mais poderosas nações.
Não é nada que não se soubesse, mas convém, vez por outra, agitar essas águas turvas. Como fez o dr. Paulo Portas, no Parlamento, onde lembrou que «há empresas públicas a mais, remunerações de gestores públicos a mais», e etc.. O dr. Portas terá sido desde logo acusado de demagogia, mas afinal a demagogia é como o sal na comida: uma pitadinha q.b. aumenta o sabor... E convém que não se deixe esquecer que este país, onde 20% da população está â porta da pobreza, onde o ordenado mínimo não chega aos 500 euros, onde cada vez há menos empregos, mantém um pequeno clã de privilegiados que auferem vencimentos astronómicos - para não dizer outra palavra...
A isso responde sempre o Governo que há que pagar regiamente aos gestores públicos, se não eles podem fugir-nos. Ora, em 2009, existiam 93 empresas do SEE, equipadas com 448 gestores aparentemente imprescindíveis. Mas haverá em Portugal tantas e tão ricas empresas privadas a querer disputar tanta gente habituada a ganhar tanto? Ou será que Wall Street ou a City estão de olho nos nossos supercérebros?
Entende o dr. Paulo Portas que nenhum gestor público devia ganhar mais do que o PR. Demagogia, claro, contrapõe o Governo, que uma vez mais não mexerá aí uma palheira. Assim, resta-me terminar como comecei: quando for grande, não quero ser presidente da República; aceitarei, modestamente, a presidência do Banco de Portugal.
