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O Mundo passou - e ainda bem - da era da comunicação por sinais de fumo para a da cibernética. Só os índios mudaram, sendo os de hoje bem mais perigosos. O contacto e o relacionamento entre os humanos são hoje mais fáceis, feitos quase à velocidade do som. A facilidade é, no entanto, enganadora e a falta de senso e prudência dos mais desprevenidos, cidadãos ou núcleos familiares, paga elevado preço.
Só um jurássico não reconhecerá, hoje, as virtudes decorrentes da utilização da net e a imensidão de potencialidades de proximidade que lhe estão associadas. Avisado não é, no entanto, transformar a rede de comunicação numa realidade cem por cento paradisíaca.
O raciocínio é primário, mas inegável: pilotar um avião está vetado a quem não dispõe de conhecimentos e não dá garantias de cumprimento básico de regras. E os mecanismos de controlo são apertados para a hipótese, sempre aberta, de um ato tresloucado. Sem carecer de brevete, manda a prudência que seja igualmente ponderado, por quem tem ou permite o acesso, o uso da net e dos seus múltiplos canais - facebook, messenger, chats, etc., etc..
Dispondo de domínios escancarados, a utilidade da net só não envolve riscos perniciosos se for usada com parcimónia e em linha com algumas regras básicas de segurança. De tão irresistível e de fácil manuseamento, só não está pervertida e não potencia o fim da privacidade ou não alimenta novas fórmulas de acesso à hipótese de "voyeurismo", de vigarice ou de crime a quem a usa com moderação.
Os predadores estão sempre à espreita - sejam eles da vida privada, da conta bancária do parceiro do lado ou da ingenuidade.
O naipe de vítimas provocadas pelo mau uso da Internet tem, entretanto, uma componente agravada de preocupação: a da constante queda de mais e mais jovens no alçapão de gente sem escrúpulos, por norma de perfil sexual. E a essa vertente - o JN revela hoje mais um caso de um tarado apanhado após ter seduzido pela net algumas jovens para com elas ter relações sexuais- só há uma resposta possível: a da consciencialização de pais e encarregados de educação para a necessidade de fiscalizarem os atos dos filhos, investindo na pedagogia e nas regras apertadas para evitar desgraças. E avisos não têm faltado!
Admita-se: a tarefa é complexa para paizinhos alimentadores de um estatuto social artificial, para o qual contribuem fazendo das tripas coração, retirando, inclusive, aos bens essenciais para satisfazer "gadgets" topo de gama da filharada. Estão enganados. Redondamente. Por um lado, o consumismo não é a melhor via para os filhos e, por outro, ao não insistirem nos alertas e na fiscalização à distância do lema máxima liberdade para a máxima responsabilidade, sujeitam-se a desgostos.
É mesmo verdade: também na Internet é preciso ter cuidado com os índios dos tempos modernos!