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Foi recentemente notícia a queixa do Movimento de Utentes dos Serviços Públicos de Coimbra sobre as condições em que os profissionais de alguns centros de saúde da cidade se encontram a trabalhar.
Infelizmente, a situação não é nova, nem tão pouco exclusiva desta região. É um retrato que se repete do Norte ao Sul do país e que urge resolver se queremos mesmo valorizar os cuidados de saúde primários, que são a base e a porta de entrada no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Valorizá-los significa colocar a prevenção no centro da política de saúde e aliviar a pressão sobre os hospitais. É neles que começa a verdadeira saúde pública e não nos serviços de urgência.
Mas se, na teoria, as reformas na organização do SNS promovem a valorização e importância dos cuidados primários, na prática, são vários os obstáculos que continuam a ter que ser ultrapassados para que essa valorização se traduza efetivamente em mudanças concretas.
Os cuidados de saúde primários continuam a ser vistos como um serviço menor, como o parente pobre do SNS, quando na realidade devem ser encarados como a sua força maior.
Neste, como em tantos noutros casos, está mais uma vez a caber às autarquias a concretização de investimentos que contribuam para que esse estigma seja ultrapassado.
Veja-se o caso de Vila Nova de Famalicão, que desde que assumiu responsabilidades na área da saúde, deu de imediato início a um amplo processo de requalificação dos centros de saúde do concelho, num investimento de mais de uma dezena de milhões de euros que abrange sete unidades de saúde.
Um processo que, mesmo não resolvendo todos os problemas, será certamente uma alavanca para garantir qualidade no atendimento e solucionar muitos dos défices atuais dos cuidados de saúde primários.
Estamos a pagar caro a conta que resulta de anos de inércia, mas nenhum sistema funciona quando a sua base está fragilizada. Ainda bem que os autarcas sabem disso!
Os cuidados de saúde primários continuam a ser vistos como um serviço menor, como o parente pobre do SNS, quando na realidade devem ser encarados como a sua força maior.