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Domingo vamos a votos. Iremos escolher os nossos representantes locais. Aqueles que cuidam das nossas ruas, dos buracos delas, dos jardins, dos parques, da higiene urbana, dos pavilhões desportivos, dos cemitérios. Parece óbvio. Será?
É preciso reafirmar que o poder local é o primeiro degrau da democracia, para que estas eleições não sejam transformadas numa espécie de segunda volta das legislativas. Porque, por muito esforço despendido e salvo algumas exceções, os candidatos às câmaras, freguesias e assembleias municipais foram abafados pelas lutas partidárias nacionais.
Todos querem saber quanto vale o Chega nas autárquicas. Todos querem saber se Carlos Moedas sobrevive à tragédia do Elevador da Glória, se a "ativista" Mariana Mortágua trouxe votos da flotilha humanitária para a sua parceira de coligação por Lisboa. Querem saber se Rita Matias obtém um bom resultado em Sintra, qual o ex-ministro que ganha a cidade do Porto e se é desta que Luís Montenegro sairá penalizado pelo folhetim Spinumviva.
Rostos repetidos, narrativas semelhantes, slogans reciclados e até os mesmos casos e casinhos. As praças e os mercados serviram de cenário, é verdade, mas o guião foi o mesmo de sempre. Os protagonistas também.
A política de proximidade, tantas vezes evocada, ficou à margem da narrativa nacional. Mas, domingo, votamos para escolher quem conhece o nome das nossas ruas e quem ainda se importa com o que acontece nelas.
Certo é que, na noite eleitoral, enquanto se contam os votos nas grandes cidades, há freguesias que continuarão à espera de soluções para problemas muito simples e concretos.