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Estamos demasiado ocupados a discutir a responsabilidade política do acidente com o Elevador da Glória e, obviamente, a proximidade das eleições autárquicas apenas vem exacerbar esse extremar de posições.
A forma repetitiva como estes acontecimentos graves são abordados acaba por esconder o essencial: concentramo-nos demasiado em questões políticas ou económicas e nos prejuízos financeiros e acabamos por esquecer questões essenciais, como o planeamento e a prevenção. A cultura da segurança não é claramente uma prioridade em muito setores da vida pública.
Independentemente das responsabilidades, não apenas políticas, que venham a ser apuradas neste caso - e até podemos chegar à conclusão que este foi um acidente imprevisível e que não houve falhas humanas diretas - há um fator essencial: uma cultura de segurança ativa virada para a prevenção poderia, com um elevado grau de certeza, evitar o acidente.
Recordemos a forma cautelosa como são analisados os acidentes aéreos e perceberemos que uma abordagem preventiva poderia ter evitado muitos dissabores. Mas também sabemos que esta visão tem custos e nem sempre a nossa sociedade está preparada para os aceitar. Exceto quando acontecem as tragédias.
E a lição a tirar daqui, independentemente de quem tem ou não culpa e do que prevê a legislação, é que a segurança não tem preço.
Outros casos mais antigos levam-nos a reforçar esta visão. Basta passarem alguns anos para nos esquecermos, todos nós, e rapidamente deixarmos de achar importante essa abordagem e voltarmos simplesmente a fixar o olhar em orçamentos e balanços financeiros.