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Há pessoas que não têm emprego. Pode ser que isso resulte de não estarem preparados para a dureza de certos trabalhos ou de, porventura, esperarem um salário que recompense os anos de estudo.
Estes, como os tantos - naturais ou imigrados - que aceitam trabalho duro (ou não), com salário baixo ou médio, têm um rendimento que dificilmente permite o acesso a uma casa própria, ou pagar o arrendamento, a menos que pais endinheirados ajudem, face à inflação, à ocupação de casas pelo AL e à permissividade face aos devolutos. Qual a consequência? Quartos feitos casas, vidas atrasadas em casa dos pais, bairros de lata, recurso a autocaravanas e campismo, sem abrigo. Há também pessoas cuja família as esqueceu ou não tem condições para as ajudar: impressiona uma visita às camas ocupadas num hospital público por quem não está doente, mas não tem quem as cuide se dali saírem.
Há jovens cada vez menos novos que querem descendência, mas não têm onde deixar os filhos: faltam berçários e infantários, num país esquecido da importância de deixar de envelhecer. Mas que também cuida mal dos mais velhos, por exemplo, na oferta de lares.
É certo que estamos bem melhor que há 20 ou 50 anos. Mas, na falta de casas acessíveis, emprego bem pago e apoio social, o problema maior é haver quem veja os que estão com problemas, velhos, pobres ou imigrantes, como um problema. As pessoas não são um problema, nunca. Porque ninguém está a mais.