Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS) são um instrumento de trabalho para todas e todos que se preocupam com a sobrevivência da Humanidade. O desenvolvimento sustentável, expressão que entrou no nosso dia a dia, não é uma mera teoria. É um conjunto de 17 metas objetivas, avaliadas através de indicadores que permitem monitorizar a evolução dessas metas.
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Portugal encontra-se, segundo os últimos dados disponíveis de cumprimento dos ODS, referentes a 2021, em 20.º lugar entre os 163 países analisados, registando uma melhoria geral de 40% face à realidade inicial de 2015.
A União Europeia define as suas atuais prioridades em sintonia com a Agenda 2030 e os ODS, assumindo um papel de enorme relevância no contexto mundial na defesa de um Mundo melhor e sustentável, que seja capaz de erradicar dramas humanos como a pobreza ou a fome, enquanto fomenta a inovação e o crescimento económico.
Tivemos na passada semana a oportunidade de ouvir, a partir de Matosinhos e, no âmbito do Fórum da Sustentabilidade e Sociedade, duas importantes intervenções de Muhammad Yunus e de Marcelo Rebelo de Sousa.
Muhammad Yunus, laureado com o Prémio Nobel da Paz em 2006, com a sua visão simultaneamente pragmática e utópica, alertou-nos para a importância do ODS 1, ou seja, da necessidade premente de combatermos a pobreza e a desigualdade como pilares fundamentais do desenvolvimento sustentável que desejamos para a Humanidade. O presidente da República, numa intervenção de grande otimismo e clareza, deixou a mensagem de que as pessoas devem ser o foco da sustentabilidade, ou seja, que o primeiro dos ODS deve ser primordial, estando todos nós convocados para que Portugal prossiga um caminho de solidariedade e de coesão social.
Estas mensagens, pela autoridade de quem as proferiu, não nos devem deixar dúvidas. O caminho político, económico, social e ambiental não se pode desfocar do objetivo principal de contribuir para a construção de sociedades mais justas, com capacidade de criarem e de redistribuírem riqueza.
Para além das desigualdades já existentes, sabemos que as alterações climáticas criam riscos acrescidos de desigualdade. É, pois, fundamental que os países - e cada um de nós - sejam capazes de agir para salvar o planeta em que vivemos. Mas sem esquecer que o queremos salvar para que todas as mulheres e homens, todas as crianças e todos os idosos possam viver vidas dignas, vidas que respeitam os direitos humanos, que promovem a paz, a cooperação e a redistribuição de riqueza por serem esses os valores maiores que ambicionamos.
* Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses