O Banco Central Europeu (BCE) está a dançar com dois pés esquerdos e a pista não se avizinha nada facilitadora dos movimentos. Aumentar a taxa de juro para refrear a força da inflação causada ora pela Guerra na Ucrânia, ora pela ganância, não facilita a intensidade com que o corpo se expressa. A analogia que me veio à cabeça quando a presidente do BCE, Christine Lagarde, anunciou uma taxa de 2% bateu muita certa com o pensamento de Marcelo Rebelo de Sousa que pediu um Orçamento do Estado "flexível" quanto se possa, para responder aos tempos imprevisíveis que estão para chegar e, na dança, a rigidez é um entrave ao impulso. Lembro-me de um tempo, não muito longe, era 2009, onde andava entre a Qimonda, a Rohde e o bingo do Brasília - insolvências, trabalhadores à porta, despedimentos. Lagarde falou nessas duas palavras dementors (uns monstros da saga Harry Potter que sugam almas): desemprego e recessão. Avisou que o aumento das taxas de juro vai continuar. Na pista, o "gargouillade" é um dos maiores desafios de quem dança (disse-me a Catarina que é apaixonada por esta arte) e há sempre quem caia ao fazê-lo, esperemos que a nossa queda não seja muito dura.
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