A velocidade de resposta dos políticos na defesa das instituições do Estado, quando estas são colocadas em causa, é inversa à que se movimentam para resolver os problemas das populações.
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Os holofotes que incidem sobre militares portugueses, ontem figuras centrais de uma operação da PJ à escala nacional, por suspeitas de tráfico de diamantes, entre outras coisas, projetou uma série de reações de circunstância, todas no sentido de tudo isto nem ao de leve beliscar a imagem das Forças Armadas.
Obviamente, ninguém com dois dedos de testa acredita nestas afirmações. Nem mesmo alguém que, como eu, acredita na presunção da inocência até à última sílaba da sentença. Há, claro está, danos reputacionais que não podem ser ignorados. Esse é o efeito de uma operação desta dimensão, junto da opinião pública.
Outra questão é a credibilidade e utilidade do nosso Exército, que pode sempre ser discutida, mas que ao longo do tempo tem dado provas de competência e capacidade em serviços úteis às populações sempre que é chamado à ação, e até é pena não ser chamado mais vezes.
No combate à pandemia, por exemplo, percebemos claramente a importância das Forças Armadas, cujas missões têm sido direcionadas para áreas que extravasam a componente militar pura e dura. E com resultados de excelência, como vimos através do trabalho de Gouveia e Melo e da estrutura militar no processo de vacinação contra a covid.
Não sabemos bem quando, porque as investigações, em Portugal, têm ritmos lentos - e neste caso isso prejudica, sobretudo, os arguidos -, o tempo dirá se efetivos das Forças Armadas se aproveitaram das missões internacionais em que estiveram destacados para cometer crimes, mas não restam dúvidas de que há danos de imagem latentes, tudo o que seja dito em sentido oposto é areia para os olhos da opinião pública.
*Chefe de Redação