Portugal precisa urgentemente de voltar a focar-se na vacinação: administrar a terceira dose aos idosos e a quem já foi vacinado há mais tempo, bem como preparar o processo para os mais novos, caso a Agência Europeia dos Medicamentos (EMA) dê luz verde às crianças com idades compreendidas entre os 5 os 12 anos.
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Porque o inverno está à porta e o vírus SARS-CoV 2 começa a dar sinais de uma inquietante aceleração.
O alerta de ontem da Organização Mundial da Saúde é para ser levado a sério: o nível de transmissão de covid-19 na Europa é muito preocupante, e, se nada for feito, poderão contar-se mais de meio milhão de mortes até fevereiro no velho continente. O abrandamento das restrições e a cobertura insuficiente de vacinas ajudam a explicar o retrato europeu. Ora, como nenhum Governo planeia por enquanto alterar os desconfinamentos dos respetivos países, há então que tomar medidas adicionais no que diz respeito à vacinação.
Sendo um dos exemplos mais bem-sucedidos do Mundo na administração de vacinas, Portugal também precisa de recentrar esse processo que aparece agora mais disperso na concretização e nas mensagens. Poder-se-ia começar por nomear alguém para comunicar com os média e, por extensão, com os cidadãos sobre este tema, uma necessidade muito sentida depois da saída do vice-almirante Gouveia e Melo da coordenação da task force. Depois, seria urgente tomar decisões a níveis diferenciados quanto à terceira dose.
Conhecidas as dificuldades dos mais idosos em lerem SMS, urge criar rapidamente outros canais de comunicação para que a mensagem se torne efetiva. Depois, seria também importante definir os grupos que avançam para esse reforço. Circunscrever isso a profissionais da saúde e ao setor social é demasiado redutor, quando uma população alargada apresenta o processo concluído há mais de meio ano. E se é expectável que a EMA emita um parecer positivo quanto à vacinação das crianças com menos de 12 anos, convém que esteja a ser preparada uma operação no terreno para que essas doses sejam administradas de forma célere, sem colocar para trás grupos prioritários.
Com muitos centros de vacinação do país já desmantelados e outros arrumados para os cantos de pavilhões, pede-se agora que se faça uma espécie de quadratura do círculo. Vital para que, mais do que celebrarmos o Natal descansados, possamos ter uma vida próxima do dia a dia que conhecíamos antes de março de 2020 e que nos parece cada vez mais longínqua.
*Prof. associada com agregação da UMinho