Terminou ontem a Semana de Oração pelos Seminários. Todavia, a reflexão sobre essa instituição tridentina deve continuar. E, eventualmente, encontrar formas melhores de formar os futuros sacerdotes.
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No final de outubro, no sítio "Religión Digital", Antonio Aradillas (conhecido como o cura-jornalista) refletia sobre o encerramento de muitos seminários na vizinha Espanha por falta de seminaristas. Do alto dos seus 93 anos, criticou a formação ministrada nos seminários: esta retira os candidatos ao sacerdócio do meio do povo e forma-os num ambiente clericalizado que não está de acordo com os Evangelhos, nem com as perspetivas do Concílio Vaticano II, nem com uma Igreja "em saída", "sinodal, evangélica e evangelizadora", a Igreja "dos pobres e humildes".
Por isto, Antonio Aradillas não se preocupa com o encerramento dos seminários. Propõe antes que eles passem a funcionar em "apartamentos compartilhados com amigos - e, porque não, amigas? - em ambientes universitários" que melhor contribuam para uma formação incarnada no Mundo.
Não será preciso ir tão longe. Mas porque não, antes de frequentarem o curso de teologia, cursarem outro curso à sua escolha? Fazerem uma experiência fora do seminário, ou antes de entrarem no seminário, no meio dos outros alunos e experimentarem as mesmas dificuldades e desafios deles: alojamento, alimentação, transportes....
Tendo em conta as virtudes que o programa Erasmus tem demonstrado, porque não todos os seminaristas fazerem uma experiência em Roma ou noutra qualquer boa faculdade de teologia do Mundo? Isto proporcionar-lhes-ia uma experiência única da universalidade da Igreja.
Já agora, sobretudo para os seminaristas diocesanos, porque não viverem numa paróquia nos últimos anos do curso em vez de estarem fechados no seminário? Poderiam ir aplicando o que aprendiam no curso e conheciam mais cedo e melhor a realidade fundamental que serão chamados a servir como padres.
Estes e outros aspetos terão de ser refletidos. Só a reflexão garantirá que os seminaristas deixem de ser uma casta à parte e possam viver a sua vocação incarnados na sociedade e na Igreja.
*Padre