No Egito discute-se por estes dias o que fazer para travar o aquecimento global. A mensagem que sai de Sharm el Sheik para o Mundo, nomeadamente através das palavras do secretário-geral da ONU, é dramática.
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Guterres diz que esta é a oportunidade para se travar o inferno climático, numa altura em que mesmo os mais céticos têm dificuldades em contestar as evidências das alterações climáticas.
Do Egito chegam, todavia, outras mensagens. Revelam, para além de uma profunda hipocrisia, o fosso entre os discursos proferidos nestes encontros mundiais e o que, efetivamente, se põe em prática. Entre 4 e 6 de novembro, data do arranque da cimeira pelo clima na estância turística egípcia, foi detetada pelo sistema Flight Radar a aterragem de pelo menos 36 jatos privados. É preciso ter em conta o seguinte: as emissões de dióxido de carbono de um destes aviões, no seu trajeto entre Nova Iorque e Lisboa, por exemplo, é superior ao consumo de energia durante um ano numa casa média europeia, como revela esta semana o semanário "Expresso".
Muita conversa e pouca ação, pensam os jovens que, por estes dias, ocupam escolas e faculdades em ações de protesto. E embora haja diretores de faculdades portuguesas que, à semelhança das práticas no tempo da ditadura, têm como única reação chamar a polícia de choque, devíamos olhar para esta juventude como um sinal de esperança no futuro.
Acreditemos que tenha sido esse futuro visto pelo ministro da Economia nos protestos estudantis. Apesar de tardia, a resposta chegou e António Costa e Silva recebe hoje, no Ministério da Economia, um grupo de jovens ativistas. De certeza, não lhes garantirá que o Governo português vai acabar com a utilização de combustíveis fósseis. Isso permanece ainda no domínio da utopia. Ouvi-los é o primeiro passo, pois o futuro a eles pertence.
*Editora executiva-adjunta