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Somos confrontados com notícias que, tendo aparentemente matrizes de enquadramento diferenciadas, acabam por se encaminhar para uma mesma área crítica do futuro imediato: os desafios do crescimento económico.
Na componente menos nobre temos o folhetim da Caixa Geral de Depósitos em que, ultrapassando a questão salarial, se o Estado quer recrutar por convite e sem concurso deve naturalmente assumir os custos salariais inerentes ao vencimento das pessoas em causa. Fica a inenarrável situação do entrega, não entrega, a lei obriga, ou a lei não obriga. Mas, afinal, parece que o Tribunal Constitucional vai mandar entregar a declaração de rendimentos e património. A que acresce a dúvida, mas quem será? Mas quem será que terá prometido aos senhores que não precisavam de fazer tal coisa? O detalhe é que, enquanto o filme decorre, a instituição parece paralisada e não faz aquilo cuja urgência é para ontem: apoiar a atividade económica.
É sempre bom assistir a consensos: a realização da Web Summit em Lisboa, que foi uma excelente decisão do Governo anterior, tem merecido apoio total do atual Governo, muito personalizado na crença do secretário de Estado da Indústria neste domínio. Uma vez mais é a economia e o seu futuro, sobretudo na necessidade imperiosa da qualificação do emprego. Porque vale sempre a pena insistir que a inovação é o oxigénio da atividade económica. Que uma política de inovação deve colocar a empresa no centro do sistema, como a entidade capaz de captar o seu benefício e de o transformar em valor económico e social. O Estado pode e deve estimular uma política de catalisador da inovação, enquanto grande comprador de produtos e serviços, criando uma procura exigente e sofisticada. Finalmente, as redes de pessoas e instituições públicas e privadas, em particular empresas e universidades, são plataformas essenciais para criar sinergias, minimizar riscos e transformar o capital intelectual em valor.
Para que o país tenha um caminho de sucesso e crescimento é necessário acordar um conjunto de princípios que sirvam de base a uma política integral, coerente e sistémica de rumo económico. E isso vai muito para além de alguma mistura de conceitos a que se assiste entre o desenvolvimento e utilização de tecnologias e o seu impacto na transformação da economia. Porque as condições necessárias obrigam sempre a muito trabalho até se tornarem suficientes.
Para que o país tenha um caminho de sucesso e crescimento é necessário acordar um conjunto de princípios que sirvam de base a uma política integral, coerente e sistémica de rumo económico.
* PROFESSOR CATEDRÁTICO DA UNIVERSIDADE DO PORTO