De que servem as literacias se a sociedade estiver doente?
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Sociedades doentes são sociedades com grandes custos e improdutivas. A saúde é riqueza intrínseca das pessoas e das sociedades e leva a uma melhor produtividade e rendimento de um país. É impossível o desenvolvimento de pessoas e de resultados eficazes nas outras literacias sem que a literacia em saúde esteja no cerne do investimento.
Então, como pode uma pessoa gerir melhor os custos da sua vida se estiver doente, se não tomar decisões em saúde acertadas, se não fizer uma correta adesão terapêutica, se não souber manter uma alimentação saudável, se não conseguir controlar a sua saúde mental (nos casos de potencial controlo e diminuição dos fatores negativos) para a sua vida?
Assim, sem saúde não há sociedades que progridam, e sem literacia em saúde também não há competências para que se construam sociedades mais saudáveis, pessoas mais saudáveis e organizações mais saudáveis e sustentáveis.
O melhor nível de literacia em saúde permite alavancar as competências (conhecimentos, capacidades, atitudes e atributos) dos vários públicos para uma maior motivação que conduz ao acesso, compreensão, avaliação e uso dos recursos em saúde. Incentiva também a uma correta navegação no sistema, que visa decisões em saúde mais responsáveis, melhoradas, refletidas e acertadas, seja de indivíduos, grupos, organizações e do próprio sistema integrado de saúde, social, educação, cultural e político. Tudo isto promove e melhora os resultados em saúde e bem-estar.
A estratégia de investimento no maior nível de literacia em saúde dos vários públicos permite, através do desenvolvimento e reforço de competências humanizantes, relacionais e comunicacionais, influenciar, envolver, formar, apoiar e ativar os indivíduos, assim como os grupos, as organizações e as comunidades para melhores cuidados, prevenção da doença e promoção da saúde.
A literacia em saúde interessa a todos no ciclo de vida e, em particular, para além do cidadão, interessa aos profissionais das várias áreas da saúde, social, educação, cultural e outros, como os média, decisores políticos e legisladores dentro dos respetivos contextos sociais e ao longo do ciclo de vida. A literacia em saúde operacionaliza-se através de investigação, ações, intervenções presenciais, digitais e outras, e utiliza as ferramentas e instrumentos de medida, sendo a base essencial das diversas literacias (financeira, cultural, científica, da informação e outras), porque é a base estruturante para as melhores vivências do indivíduo no reforço e procura da saúde e bem-estar integral.
A literacia faz bem à saúde, é a riqueza de uma nação e salva vidas. E, por tudo isto, os especialistas têm uma palavra a dar nas políticas públicas, na educação, no social e na saúde. E, mais do que isso, devem ser envolvidos nas estratégias de investimento nas escolas das “várias literacias”, onde a literacia em saúde é o seu melhor vaso comunicante. A Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde está aqui: pronta e capaz.