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Podia ter sido um resultado completamente diferente, uma outra dança, talvez que ainda não um tango. Com um treinador interino que fez o que pôde ao escalar uma equipa que depois acabou por ser outra, o jogo com o Santa Clara mostrou jogadores com uma atitude diferente das últimas partidas, com mais confiança e sentido de conjunto mas, ainda assim, refém de mil fantasmas a rondar no travesseiro tantas as noites mal dormidas.
Não foi, desta vez, por falta de implicação que o F. C. Porto não conseguiu inverter a sequência de maus resultados, após quatro derrotas consecutivas. Porque um empate não reverte coisa nenhuma, nem impede o agravar do fosso para o líder da Liga, assim como a aproximação ao quarto lugar. No entanto, houve manifesta falta de sorte e todos os demónios à solta a conjurarem em bolas às traves, dois penáltis perdidos e uma recarga a penálti para os livros do impossível. Todos os ataques de nervos e muita tristeza no final que nenhum dos protagonistas merecia.
A novidade terá sido essa. O nervo voltou, até a tristeza voltou, até a revolta voltou, um pouco como se aquela atitude indolente, indiferente, como se atravessássemos uma planície com um passa-montanhas, tivesse finalmente desaparecido. Sentiu-se, novamente, que havia uma razão para jogar e para vencer. Da tribuna do Dragão, Martín Anselmi deve ter visto o que pode mudar desde já. Mas deverá saber que não terá tempo para mudar de sistema sem ter jogadores.
*O autor escreve segundo a antiga ortografia
**Adepto do F. C. Porto