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Vivemos inundados por sondagens, estudos de opinião e barómetros que nos mostram o comportamento dos eleitores no período pré-eleitoral. Os canais de televisão multiplicam-se em debates que colocam frente a frente todos os candidatos, numa sucessão de discussões várias vezes mais viradas para o resultado do espetáculo do que propriamente para as ideias em causa. Em breve, vai começar o período oficial da campanha eleitoral e não se percebe se podemos esperar alterações relevantes neste panorama.
Até agora, falta uma verdadeira distinção entre as propostas em cima da mesa. Algo que obrigue os eleitores a avaliarem opções para que possam escolher entre várias propostas em causa. E esta ausência de um verdadeiro debate é visível, sobretudo, nos maiores partidos, PS e PSD.
Há demasiadas semelhanças no “arco do poder”, ou seja, entre aqueles que verdadeiramente aspiram chegar ao Governo, e poucas ideias que efetivamente alimentem um debate capaz de levar os eleitores a uma escolha.
Propostas que signifiquem alterações estruturais relevantes acabam por ficar longe da discussão, demasiado preenchida com cálculos superficiais ou pelas medidas que comprometem as contas públicas.
Apesar do tempo perdido, ainda há espaço para, nas semanas que faltam para as legislativas de 18 de maio, insistir no debate dos programas eleitorais e, sobretudo, das medidas estruturais, deixando de lado questões marginais e combates de “soundbites”, cujo único resultado é gerar espetáculo e esconder o que verdadeiramente interessa.