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Se alguém tivesse adormecido em 2005 e acordado apenas em 2015, correria sério risco de sofrer um colapso nervoso ao ler as notícias sobre Portugal e não faltariam causas para a súbita entrada em perda. O país quase foi à falência. Pedro Passos Coelho, um ex-líder da JSD que estava afastado da política ativa, chegou a primeiro-ministro e tem a seu lado Paulo Portas, num Governo que é de Direita, mas que subiu brutalmente os impostos. António José Seguro foi secretário-geral do PS. Pacheco Pereira e Manuela Ferreira Leite às vezes parecem os reais líderes da Oposição ao PSD. Bagão Félix escreve um blogue com Francisco Louçã. O BPN e o BES faliram. O BPP implodiu e João Rendeiro é comentador na TV. Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, embrulhados num escândalo financeiro que nunca explicaram, foram afastados, embora com reforma dourada. A PT agora é Pharol e pertence a um emigrante português. José Sócrates esteve numa prisão quase um ano e Ricardo Salgado, o DDT, está sob vigilância policial.
Tudo isto é motivo bastante para um choque, mas muito mais difícil de acreditar seria que, depois de dez anos de tantas medidas, promessas e sacrifícios, perdidas a soberania e dignidade, o país está agora mais longe dos padrões europeus, mais pobre e ainda mais endividado.
*JORNALISTA