DeepSeek: uma revolução ou uma ilusão?
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Nos últimos dias, o mundo da tecnologia foi surpreendido por um nome desconhecido: DeepSeek (DS). Um chatbot desenvolvido por uma startup chinesa com recursos mínimos comparados com a OpenAI. Com um investimento de apenas 6 milhões de dólares, a tecnologia promete qualidade comparável aos modelos mais avançados do Ocidente.
O DS abre uma nova fase para a IA, mas também desafia diretamente o Ocidente. Enquanto empresas americanas e europeias apostam em estruturas de pesquisa robustas e custos altíssimos, este novo concorrente subverte isso: baixo custo, alta eficiência e rapidez de implementação.
Para os gigantes do setor, o impacto é duplo. Primeiro, há a ameaça à confiança que Wall Street deposita na revolução da IA, construída sobre um modelo caro e exclusivo. Segundo, o DS evidencia que a concorrência também vem de centros de poder que operam com outras lógicas económicas..
Mas o DS é uma revolução ou uma ilusão? Historicamente, inovações de baixo custo que desafiam o status quo encontram dois caminhos: ou reconfiguram a ordem global ou desaparecem diante das pressões especulativas e da concorrência feroz. Esta semana, Dov Alfon, o editor chefe do jornal francês “Liberation” diz que “ imitadores desaparecem rapidamente”. Mas não estará a subestimar de novo a China?
Para Portugal e a Europa, o caso DS traz uma reflexão importante. O velho continente, muitas vezes refém de modelos conservadores de inovação, precisa de entender que a velocidade e o pragmatismo das novas potências exigem respostas à altura.
Não se trata apenas de comprar o que vem dos Estados Unidos, hoje é preciso integrar-se num mundo onde a China - com DeepSeek ou outro nome - não é só mais um player, mas uma força modeladora.