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Num contexto que ainda é de crise internacional, o Orçamento do Estado para 2010 - como aliás enfatizou o ministro Teixeira dos Santos - é, inequivocamente, um Orçamento que, além de procurar manter as medidas de urgência no apoio ao emprego, denota duas preocupações: por um lado, procurar incutir confiança aos investidores, agentes económicos e famílias e, por outro, necessidade de consolidar as Finanças Públicas.
De facto, no momento que vivemos - e com um défice estimado para este ano de 8,3% - a prioridade deve continuar a passar pela, já iniciada, recuperação económica, em particular pelo reforço da competitividade das empresas e por uma aposta, balizada por opções criteriosas e pelo rigor, em investimentos que a médio e longo prazos permitam tornar sustentável a economia portuguesa.
Daí que o compromisso do Governo em - não aumentando impostos - consolidar as Finanças Públicas através da contenção da despesa, em particular salientando a importância do combate às "dependências externas" - e especialmente pugnando por um reforço da "autonomia energética" - seja actualmente crucial para aproximar a economia portuguesa das economias desenvolvidas.
De facto, sendo o sector energético absolutamente estratégico para a economia portuguesa - na medida em que é, simultaneamente, um importante factor de crescimento e de criação de emprego e, portanto, vital para o nosso desenvolvimento sustentável - importa progredir num conjunto de medidas estruturantes que procurem reduzir a dependência energética nacional e, consequentemente, reduzir o endividamento externo do país.
Assim, a aposta no fortalecimento da capacidade energética das barragens é um desafio que convirá prosseguir por diversas razões: em primeiro, porque as barragens permitem produzir energia limpa a um custo baixíssimo; depois, porquanto são um meio de diversificar o portfólio energético do país; por fim, pelo impulso que podem dar à agricultura nacional - desenvolvendo também a nossa "autonomia alimentar" - e a uma eficiente gestão dos recursos hídricos, em especial permitindo a criação de uma reserva nacional estratégica de água.