Quando o Estado não atrapalha, os resultados são na maioria das vezes animadoras e os cidadãos ficam mais bem servidos. Desde que a TAP abandonou algumas rotas a partir do Porto, este destino ganhou passageiros e o número de ligações até aumentou. Desde que o aeroporto foi privatizado, a procura cresceu perto de 50 por cento. O mercado existe. Basta deixá-lo funcionar.
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No início deste ano, a Associação Comercial do Porto veio denunciar a tentativa de esvaziamento do Aeroporto do Porto por parte da TAP, com a supressão de alguns voos para o Centro da Europa. Acrescentámos, na altura, que os prejuízos resultantes dessa decisão acabariam por encontrar resposta por parte das companhias privadas. O potencial empresarial e turístico do Norte levaria a que o mercado, naturalmente, funcionasse.
Oito meses depois, os "slots" a que a TAP renunciou estão ocupados e existem novas ligações aéreas, asseguradas por companhias privadas, a Barcelona, Milão, Bruxelas e Roma. O engodo da chamada "ponte aérea" Porto-Lisboa também já caiu por terra, com a maior parte dos voos a partirem com fortes atrasos, com perdas de ligações e com uma operação a fazer lembrar excursões rodoviárias de outros tempos.
Em consequência, não é de espantar que a cota de passageiros transportados pela TAP de e para o Porto tenha agravado a tendência de perda, situando-se hoje nos 17 por cento. Como não surpreende que companhias como a Ryanair, a Vueling ou a Easy Jet continuem a crescer, no Porto, acima dos dois dígitos. O mercado penaliza e o mercado premeia. Os cidadãos sabem fazer opções racionais e inteligentes, valorizando a qualidade, o conforto e o preço. E a TAP acaba por ser castigada. Os agentes empresariais e políticos do Norte avisaram que isto ia acontecer. Está a acontecer.
Aliás, o bom funcionamento da livre iniciativa é também evidente numa análise ao desempenho global do Aeroporto do Porto. Não concordámos, à época, com a privatização integrada da ANA, dado que uma privatização isolada do aeroporto traria maiores benefícios à região. Não obstante, os resultados são impressionantes.
Em 2012, o último ano de gestão estatal, o aeroporto movimentou 6 milhões de passageiros. Em 2016, estima-se que ultrapasse os 9 milhões. Ou seja, 50 por cento de crescimento em apenas quatro anos. Com mais companhias, mais ligações e mais qualidade. Com a ajuda de um setor empresarial dinâmico e exportador e a alavanca do crescimento turístico, é certo. Mas sobretudo porque o Estado, continuando a regular, deixou de atrapalhar.
O mercado penaliza e o mercado premeia. Os cidadãos sabem fazer opções racionais e inteligentes, valorizando a qualidade, o conforto e o preço. E a TAP acaba por ser castigada. Os agentes empresariais e políticos do Norte avisaram que isto ia acontecer. Está a acontecer.
* EMPRESÁRIO E PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO PORTO