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1. Hoje é dia de eleições autárquicas e, portanto, dia de celebrar a democracia. Todas as eleições são fundamentais, mas, hoje, não há nada mais importante para fazer do que participar na escolha do nosso presidente de Câmara, dos nossos vereadores, dos nossos representantes nas assembleias municipais ou assembleias de freguesia. Não nos equivoquemos: não estamos a votar em deputados ou primeiros-ministros, não entram nestas contas se apreciamos mais ou menos quem governa o país, se estamos ou não satisfeitos com a prestação dos líderes dos partidos da Oposição. Apesar das voltas pelo país, nenhum deles tem a responsabilidade de garantir que as escolas terão funcionários e que os alunos terão refeições, que a recolha de lixo se fará, que os espaços públicos, jardins e parques serão suficientes ou bem mantidos, se as ruas serão arranjadas e os passeios mantidos em bom estado, se estão a ser construídas casas em número suficiente para quem não tem onde se abrigar. Estas são apenas algumas das funções dos futuros autarcas. E cada um de nós deve ter uma palavra a dizer sobre quem está mais bem preparado para as executar. Não nos podemos abster de participar na democracia. Sem ela, estaríamos nas trevas.
2. A semana foi de regozijo ou alívio na Palestina, em Israel e no Mundo. Foi acordado um cessar-fogo, as armas vão-se calando, as pessoas começam a regressar às suas casas. Não se pode ainda falar de paz e, como sabemos, o risco de um regresso à violência é permanente. Porque, de um lado, em Gaza, quem controla o poder é um grupo de terroristas e fanáticos religiosos, que faz do medo, da violência e da guerra um modo de vida. E porque, do outro, em Israel, quem controla o poder é um grupo de extremistas de Direita e fanáticos religiosos, que entende que os palestinianos não têm direito à existência naquelas terras e tudo continuará a fazer para os expulsar. É importante manter o sangue-frio e garantir que o processo de paz se aprofunde. Mas também é certo que, sem verdadeiras democracias, nunca haverá paz duradoura. Israelitas e palestinianos terão, por isso, de fazer o seu trabalho: renegar os fanáticos que os conduziram à violência e à morte.