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Finalmente, ao fim de mais de duas décadas, a novela do Centro Materno-Infantil do Norte, mais precisamente do Porto, terá chegado ao fim. As obras vão começar e, se tudo correr bem, o CMIN estará operacional em meados de 2013. Neste caso, o braço-de-ferro que se temia, e que poderia inviabilizar o projecto ao desperdiçar os fundos europeus que lhe estavam destinados, deu lugar a uma solução negociada, e de bom senso.
O Centro Materno Infantil, cuja importância é reconhecida por quase toda a gente, permitirá que, a breve prazo, se promova o encerramento do velho Hospital Maria Pia que aos poucos foi perdendo condições de segurança e de salubridade e que o Hospital de Santo António, que é tão importante para a cidade, e que tem uma longa e venerável história, não seja condenado à irrelevância, porque haverá sinergias entre os dois equipamentos, que distarão poucas centenas de metros. E, não retirando o mérito ao esforço de modernização de que tem sido alvo o Hospital de S. João para responder às novas exigências da região, a verdade é que é muito importante que a cidade continue a ter no seu núcleo interior um grande hospital, com ligação à Universidade, com tradições de pesquisa e investigação reconhecidas a nível internacional, e com inegável impacto na renovação do seu centro que é incompatível com a perda de emprego e de competências.
Com a redução da cércea do edifício a construir e do índice de impermeabilização do solo, e com as novas acessibilidades que ficam garantidas, as legítimas preocupações da Câmara Municipal do Porto neste domínio ficaram dissipadas. É saudável, aliás, que a CMP se tenha abstido de comentar o sentido de oportunidade do investimento, já que essa avaliação não cabe, directamente, nas suas competências técnicas, nem esteve na origem das dúvidas que anteriormente suscitara, e que se prendiam com o Plano Director Municipal. Essa avaliação competia, em exclusivo, ao Ministério da Saúde que, através da Administração Regional de Saúde do Norte, deu conta da sua satisfação por ter luz verde para avançar com um projecto que irá promover a qualidade dos serviços médicos avançados, no domínio da maternidade e da infância, beneficiando os utentes e, também, os profissionais de saúde.
Poder-se-á dizer que a solução tardou, e que tudo poderia ter sido resolvido mais cedo. Mas, como se sabe, o investimento público de grande dimensão, como é o caso - já que se fala de um equipamento que custará mais de 40 milhões de euros dos quais cerca de 50% serão comparticipados por fundos europeus - não pode ser feito de forma precipitada. Naturalmente, há quem discuta se este investimento resiste a uma análise custo-benefício, e se não deveria ter sido reavaliado. Como há quem julgue que a questão foi politizada, e que as exigências da CMP e do Ministério da Saúde mais não foram do que embirrações com contornos políticos.
Pela minha parte, prefiro acreditar que o CMIN é mesmo útil e muito necessário, e tenho a certeza que a solução que foi encontrada é, em termos paisagísticos, muito menos agressiva do que a que era anunciada. E, mesmo admitindo que o tempo perdido teve um custo elevado, fico com a agradável sensação que, neste caso, a cidade se pode orgulhar porque, a politiquice que tantas vezes inquina as decisões razoáveis e nos faz mergulhar no pântano da descrença, não levou a melhor...