As alterações climáticas são um dos principais desafios do nosso tempo. Daqui resulta o objetivo do roteiro para a neutralidade carbónica de alcançar uma sociedade neutra em carbono até 2050, ou seja, tornar nulo o balanço entre as emissões e a remoção de dióxido de carbono e de gases de efeito de estufa.
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Sabendo que na maioria das nossas atividades diárias precisamos e produzimos carbono, atingir esta meta exige mudanças nas nossas rotinas do quotidiano e dos próprios hábitos de trabalho, o qual está em transformação graças à crise pandémica. Hoje, o trabalho decorre, em parte, num formato à distância; algumas organizações já permitem que os trabalhadores desenvolvam parte da sua atividade a partir de casa, traduzindo-se assim em menor consumo de carbono.
Além de mudanças de comportamento individual, as nossas cidades e as regiões têm de repensar a estratégia de mobilidade, exigindo-se o mesmo dos setores da atividade económica, como a agricultura e a indústria. O ambicionado equilíbrio carbónico net zero será possível se a quantidade de carbono que adicionamos à atmosfera não for maior do que o carbono removido.
Para atingir o net zero, as emissões das cidades, das habitações, dos transportes, dos setores da atividade económica têm de ser reduzidas significativamente nas próximas décadas. As mudanças passam ainda por reduzir a incidência de incêndios rurais, por inovar ao nível da gestão do uso do solo e da vegetação para absorver mais carbono, ou mesmo por apostar em novas tecnologias de sequestro de carbono, o que exige investigação e inovação, nomeadamente no setor agrário.
Dito isto, ambicionar a neutralidade carbónica implica mudanças nos nossos comportamentos coletivos, incentivos fiscais, económicos e sociais, mas também uma forte aposta no conhecimento e na tecnologia.
*Docente universitário