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A cidade do Porto vive hoje um desafio muito importante no que à conciliação entre a vida dos seus habitantes e o fluxo turístico diz respeito. Na verdade, uma cidade que se afirma turisticamente como o Porto deve cuidar de três fatores que são também fundamentais para os seus habitantes: a limpeza, a segurança e a mobilidade. A limpeza é uma atribuição claramente da Câmara Municipal do Porto e, na minha opinião, está a ser bem acompanhada e tratada no que toca às zonas residenciais. No que se prende com as zonas mais turísticas, como o Centro Histórico, sei que está a ser feito um enorme esforço mas que os resultados ainda não são os desejados, já que a enorme acumulação de pessoas tem impedido que a cidade nos apareça limpa, como sucede nas zonas mais residenciais.
A segurança, matéria claramente da responsabilidade da Policia de Segurança Pública e do Governo, curiosamente tem funcionado melhor para aqueles que nos visitam do que para os habitantes, sendo fácil encontrar exemplos de insegurança ou perceção de insegurança nas zonas residenciais, onde carros e pessoas são constantemente assaltados à luz do dia sem que se veja Polícia por perto. Já nas zonas mais turísticas, o sentimento é de muito maior segurança e quem nos visita sente a presença policial, com naturais consequências positivas para a imagem da cidade.
Já a mobilidade, competência da Autarquia, vive hoje um dilema que é muito difícil de solucionar, entre a compatibilização no trânsito de quem vive na cidade e de quem a visita. Sei que a Câmara está a trabalhar na resolução de algumas questões que se tornam cada vez mais urgentes, como o estacionamento de autocarros no centro da cidade, circulação de autocarros turísticos (vulgo sightseeing), tuk-tuks e afins. Nesta questão, todos sentimos que nas zonas residenciais a mobilidade é francamente melhor do que nas zonas turísticas, onde proliferam e carecem de regulamentação imensas formas de transporte destinadas àqueles que nos visitam e que tendem a dificultar a circulação na cidade e consequentemente a vida de todos que nela habitam.
É assim urgente ganharmos consciência que devemos, por exemplo na mobilidade, contribuir com comportamentos cívicos que ajudem as autoridades a resolver melhor alguns aspetos que ainda precisam de mais atenção. São estes afinal alguns dos desafios que se põem a todos nós por estes dias. Ao mesmo tempo que esperamos das entidades públicas medidas que defendam a qualidade de vida na cidade, podemos começar por ser nós, cidadãos, a fazer a nossa parte.
PRESIDENTE ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO PORTO