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Pela primeira vez em 50 anos de democracia, Portugal está a viver um momento único, de desgoverno tanto no continente como nas ilhas autónomas dos Açores e da Madeira. António Costa está em gestão após a dissolução do Parlamento, Miguel Albuquerque demitiu-se devido aos casos de corrupção na Madeira e, nos Açores, as eleições para um novo Governo realizam-se no próximo fim de semana depois de a coligação entre o PSD e Chega ter durado pouco mais do que dois anos. O vazio é evidente. O mais certo é que os portugueses das regiões autónomas façam três atos eleitorais em apenas três meses: legislativas, regionais e europeias. Existe também a probabilidade de Marcelo Rebelo de Sousa ficar na história por ter dissolvido três governos no espaço de pouco meses.
Serão estes eventos em catadupa um perigo para a democracia? Estarão os portugueses fartos de políticos alegadamente corruptos? Qualquer que seja a resposta, a verdade é que os órgãos da Justiça, juntamente com o poder da Comunicação Social, está a mudar a face política do país. Um aviso para quem ocupar os próximos cargos, quer seja na governação do país ou das ilhas, de que talvez a impunidade e a falta de transparência não se coadunem com as decisões feitas nos gabinetes. Os portugueses só pedem honestidade, competência, rigor e, já agora, alguma inteligência, na gestão da causa pública.
Com mais ou menos nuances, as três situações têm, apesar de tudo, um denominador comum: a luta pelo poder a qualquer preço, mesmo que tal prejudique as populações, fartas de jogos políticos e pedindo alguma estabilidade e previsibilidade.
Com a campanha eleitoral à porta, dois temas serão fundamentais para quem vai a votos: a corrupção e as coligações a qualquer custo. Duas matérias sensíveis que vão construir ou destruir partidos. Por isso, os seus líderes têm agora uma oportunidade de começar do zero e de reforçar a democracia por mais outros 50 anos.