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Raramente senti no nosso estádio, como no passado jogo, durante a segunda parte do encontro, a resignação impotente dos mais de 22 mil adeptos que foram lá para apoiar o Vitória. Já nem temos força para protestar sequer, tal a indigência do nosso futebol e a incapacidade de resgatarmos ao jogo qualquer contrariedade.
E o Vitória nem entrou mal, tendo, creio, conseguido um ligeiro ascendente sobre o Benfica na primeira parte. Além da inegável boa entrada do adversário, na segunda parte, o jogo ficou claramente marcado pela expulsão de Fábio e a não expulsão de Sudakov, esta bem anterior, ambas as situações por entradas perigosas. A do jogador ucraniano foi ao osso, a do espanhol não. Ficariam em mim fundadas dúvidas, não fora a "notável" explicação de Pedro Henriques n" "A Bola": o pé de Fábio foi "desgovernado" e a do jogador benfiquista não foi tão grave pois Samu tinha o pé apoiado no solo, e, segundo as modernas leis da Física, creio, não constitui perigo nenhum para quem sofre assim a pancada. A relatividade da Física no seu esplendor. Notável o que o adjetivo desgovernado traz à "jurisprudência do mais forte". Mas eu já nem tenho força para protestar contra as arbitragens.
Tentar encontrar, na bancada, uma solução para a equipa, parece, hoje, mais complicado do que resolver o Teorema de Fermat. Há qualquer coisa de irresolúvel na equipa.
Quando, como agora, tudo aponta para a desgraça é melhor assumir isso e jogar com a frieza e o cinismo das equipas sem ambições. É vergonhoso, é. Contradiz a nossa história, contradiz. Mas o que fazer com esta sombra? Desgovernada, ainda por cima.
*Adepto do Vitória

