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O Séc. V a.C. é um dos mais extraordinários momentos da história da Humanidade.
Durante esses anos, passaram por esta Terra, ainda que em diferentes latitudes e nem todos se tenham cruzado no tempo: Darius e Xerxes, na Pérsia; Confúcio, na China; Buda, na Índia; e Heródoto, Sócrates e Péricles, na Antiga Grécia.
Basta ouvir os nomes para nos curvarmos à quantidade de pensamento produzido, à assinalável influência que deixaram estes homens notáveis, que perduraram e perdurarão enquanto houver ação e memória humana. Gore Vidal escreveu um romance cuja ação decorre precisamente ao longo desse século e deu-lhe o título de "Criação", nome que é tão provocante quanto esclarecedor.
Avancemos 2500 anos e chegamos ao século XXI d. C., ao tempo em que o homem comum tem, na sua mão, o poder de aceder em segundos a toda a informação e ideias relevantes alguma vez registadas pela História, e ainda assim prefere usá-lo maioritariamente para ver vídeos tontos, ou destilar inveja contra desconhecidos, ou mostrar ignorância.
É este o tempo de Trump e de Putin, de Kim Jong-un e de Theresa May. De muitos gurus do nada e de demasiados protagonistas sem fundo. Visto assim, do séc. V a. C. ao séc. XXI, andámos para trás.
É verdade que já estivemos bem pior. Mas nunca como hoje o desperdício foi alguma vez assim, militante e exibicionista, como se a História nunca tivesse sido cruel com os incautos.
JORNALISTA