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Nos últimos tempos o Mundo deu tantas cambalhotas que, por este caminho, não sabemos onde as coisas vão parar. O meu amigo sr. Miguel teria razão: a terra deixou de ser redonda e passou a plana. Já nem sei. E para verem como tudo muda, trago à baila factos de abrir a boca de espanto. Vejam: carta de 1970 e tal a uma professora (que a facultou): "Eu... pai da... pedia a vossa Ex.ma Sr.ª Professora que sendo ela repetente, que a Senhora lhe desse umas bofetadas bem dadas, porque eu nunca fui dos pais, bem ao contrário disso, nem discuto. Gostaria que ela chegasse a casa com a cara inchada que eu ainda lhe dava outras tantas. Senhora Professora: agradeço a boa amabilidade daquilo que me informa (...)". (Nem comento.)
Em matéria de futebóis, amor à camisola e fraternidade portistas, a admiração foi total, porque não havia impossíveis. Em 17.6.1950, noticiava o "Diário do Norte": "Um canário azul-branco vai ser leiloado em favor do Estádio do F.C. Porto. A paixão de um barbeiro pelos canários e pelo glorioso clube portuense". E em 14.2.1956, lia-se nos jornais: "Só se pensa no Campeonato, no jogo decisivo Benfica-Porto. O F.C. Porto resolve alugar um paquete, o 'Uige', para levar a Lisboa mais de 800 adeptos". E, finalmente, a impossibilidade do possível: em data e publicação infelizmente não identificadas mas autênticas, em notícia de página inteira, bem composta, lia-se: «PORTISTAS: CHEGOU A OPORTUNIDADE DE PAGARDES UMA DÍVIDA DE GRATIDÃO. AUXILIAI A CONSTRUÇÃO DOS ESTÁDIOS DO BENFICA E DO BELENENSES". Diria minha avó: "Mais do que andar aos trambolhões, o mundo estava roto!"